segunda-feira, 20 de abril de 2020


PERSISTIR
Quero a certeza dos loucos que brilham.
Pois se o louco persistir na sua loucura,
acabará sábio.

Por que tantos iniciam “A jornada em direção às luzes da ribalta”, e tão poucos sentem o calor do palco, o arrebatamento do texto e o arrepio da platéia? Por que tantos iniciam essa jornada com tanto entusiasmo, esperança, sonhos, e tão poucos sequer sobem o primeiro degráu.

Muitas são as teorias, opiniões, conjecturas. A resposta, a causa ou as causas da não concretização de nosso sonho só nós poderemos dar. Mas para isso é preciso coragem. É preciso nos recolhermos à solidão de nosso quarto, de nossa alma e, ouvir a voz do silêncio.

É preciso buscar as verdadeiras causas que nos impelem a essa empreitada. O sucesso? A fama? A riqueza? O que realmente nos impulsionou? A ilusão ou o sonho. Se a ilusão, nada a fazer, pois a ilusão se desfaz diante da mais leve brisa. Se o sonho é preciso persistir.

O sonho é a semente de todas as realizações.

Talvez, tenha faltado apenas mais um passo, virar mais uma esquina, subir mais um degrau. Talvez, tenha faltado um pouco mais  de persistência, de paciência.

Sabemos que para alcançar: qualidade, perfeição em qualquer empreendimento, seja no trabalho do ator, ou em qualquer outra atividade humana é preciso persistência.

Entretanto, só persistência poderá não ser suficiente. É preciso também: método, planejamento, determinação, disciplina, diligência, prática, paciência.

Por que, desistimos no meio do caminho?

Porque muitas vezes nos preocupamos mais com o resultado, com o prêmio final e nos esquecemos do prazer da realização.

Sofremos quando em busca da realização de nossos sonhos porque estamos preocupados com os resultados.

Quando persistimos na realização de nossos sonhos com: método, planejamento, determinação, disciplina, diligência, prática, paciência, sem a preocupação com o resultado, com certeza, o resultado será bom.

Quando o fazemos de qualquer jeito, com certeza, o resultado será de qualquer jeito.
Inspirado em Fernando Pessoa eu diria: “Persistir é necessário, a preocupação com o resultado não é necessária”.

domingo, 12 de abril de 2020


AGORA
“Sentir tudo de todas as maneiras,
viver tudo de todos os lados,
ser a mesma coisa de todos
os modos possíveis ao mesmo tempo,
realizar em si toda a humanidade
de todos os momentos num só momento
difuso, profuso, completo e longínquo. ”
Fernando Pessoa

Alguns amigos me dizem sentirem-se cansados, injuriados com essa quarentena que o coronavírus (COVID-19) está nos impondo. Queixam-se de que os dias têm sido cansativos, repetitivos, monótonos.

Será que não está na hora de aprendermos de tirar algum proveito dessa reclusão forçada.
Não seria o momento de retomarmos aquele texto que interpretamos e que não nos agradou. E que até hoje não sabemos se foi incapacidade nossa, do diretor, do tempo exíguo dos ensaios, ou da pobreza da produção que não nos entusiasmou?
Ou seja, o que for que tenhamos realizado na vida e não nos agradou.
Para muitos o momento que vivemos, sob o império do coronavírus, tem ensinado como realmente devemos lavar as mãos.
Devemos lavar as mãos como o ator deve analisar um texto.
Palavra por palavra, frase por frase, intensão por intensão. Com toda nossa atenção, considerando esse o momento mais importante de nossas vidas. Sentindo o prazer da descoberta, a magia da criação, a posibilidade da realização do impossível.
Como analisamos um texto devemos lavar as mãos e viver o Agora, intensamente, não importa as condições em que ele se apresente.
O Agora é a única coisa que temos: o passado já se foi, o futuro ainda não chegou e talvez nunca chegue. Portanto, vamos aproveitá-lo, vivê-lo intensamente, prazerosamente.
Os Romanos tinha uma frase: Age quod agis. – Faze o que fazes.  É isso o que devemos fazer:
“Sentir tudo de todas as maneiras, viver tudo de todos os lados, ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo”... Como diz... Ou nos desafia?  Fernando Pessoa
Portanto, vamos aproveitar e viver intensamente, prazerosamente o AGORA.

sábado, 4 de abril de 2020


SOLIDÃO

“No fundo, é isso, a solidão:
Envolvermo-nos no
casulo da nossa alma,
Fazermo-nos crisálida e
aguardarmos a metamorfose,
porque ela acaba
sempre por chegar.”
August Strindberg

Nestes dias de quarentena, em que muitos reclamam da necessidade de ficarmos reclusos por alguns dias dentro de casa surge o que para muitos é um martírio a SOLIDÃO.
Discutimos o tema solidão em nosso livro – Luzes da Ribalta – Ator e Ser - Fantasia, sonho e realidade na longa jornada em direção ao palco. Quando em determinado momento o velho ator diz:
— Mais do que dinheiro o preço. O custo maior, e o que realmente nos trará as verdadeiras recompensas; que vão além da fama, do sucesso e da riqueza... A recompensa de crescermos como artistas, como seres humanos e cidadãos, de ver e sentir a beleza da vida; a magia e o esplendor da natureza... A grandiosidade da Criação Divina... O imponderável...
E conclue é a solidão.
Diferentemente do que muitos crêem estar só é muito diferente de
sentir-se só.
         
 Pois como bem diz o Mestre, dramaturgo e romancista, sueco August Strindberg “Na solidão envovemo-nos no consulo de nossa alma, fazemo-nos crisálida e aguardamos a metamorfose, pois ela sempre acaba por chegar.”
         
          Metamorfose que todo artista, todo indivíduo em busca de evolução almeja.

           É no silêncio da solidão que ouvimos a “voz do silêncio”.

           Voz que nos dá muitas respostas, mas principalmente nos instiga a novas indagações, novos questionamentos. A enfrentar o desconhecido e desafiar o impossível.

           No silêncio da solidão encontramos e podemos enfrentar o mais maléfico e arredio de todos os seres... NÓS MESMOS.